Enterite por Radiação: definição, sintomas, diagnóstico e tratamento

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A enterite por radiação é uma condição inflamatória do trato gastrointestinal causada pela exposição do intestino à radiação ionizante, geralmente como parte do tratamento de neoplasias pélvicas ou abdominais. Embora essencial no combate ao câncer, a radioterapia pode desencadear efeitos colaterais sérios, sobretudo quando estruturas intestinais são atingidas.

O comprometimento intestinal varia de acordo com a dose e a duração da exposição, podendo gerar desde sintomas autolimitados até quadros crônicos com complicações severas. O manejo exige atenção multidisciplinar e pode envolver desde tratamento clínico até cirurgias reconstrutivas.

O que é Enterite por Radiação?

A condição consiste em uma inflamação do intestino delgado ou grosso decorrente da toxicidade tecidual causada pela radioterapia. A mucosa intestinal, por apresentar alta taxa de renovação celular, é especialmente vulnerável aos danos da radiação. Isso leva a necrose, fibrose e alterações vasculares progressivas.

A enterite pode ser classificada em:

  • Aguda: aparece durante ou logo após o fim da radioterapia;
  • Crônica: manifesta-se meses ou anos depois, com comprometimento estrutural persistente da parede intestinal.

Principais Sintomas

Os sintomas da enterite por radiação variam conforme o momento em que a inflamação intestinal se manifesta, podendo ser classificados em fase aguda ou fase crônica. Cada uma delas apresenta características próprias que impactam diretamente a condução do caso clínico.

Fase Aguda

Os sintomas agudos geralmente se iniciam durante o curso da radioterapia ou até três semanas após o término da exposição. Eles resultam da destruição rápida do epitélio intestinal e da redução da absorção de líquidos e eletrólitos.

Principais manifestações agudas incluem:

  • Diarreia aquosa frequente, com eliminação de fezes pastosas ou líquidas, geralmente associada à urgência evacuatória;
  • Cólica abdominal difusa, muitas vezes descrita como desconforto intermitente e incômodo, podendo ocorrer após a alimentação;
  • Náuseas e vômitos, mais comuns quando há envolvimento do intestino delgado;
  • Tenesmo retal, ou seja, sensação de evacuação incompleta com vontade constante de ir ao banheiro;
  • Flatulência excessiva e sensação de distensão abdominal.

Apesar de geralmente autolimitados, esses sintomas podem causar desidratação e perda de peso se não forem tratados adequadamente.

Fase Crônica

A enterite crônica pode surgir meses ou até anos após a finalização da radioterapia. Ela resulta de alterações estruturais duradouras como fibrose da submucosa, isquemia progressiva e espessamento da parede intestinal, que comprometem a função digestiva.

Manifestações clínicas crônicas típicas:

  • Diarreia persistente, por vezes acompanhada de sangue ou muco, indicando lesões vasculares ou ulceradas;
  • Dor abdominal constante ou em cólicas, associada à formação de estenoses (estreitamento do lúmen intestinal);
  • Síndrome disabsortiva, com perda progressiva de peso, desnutrição e deficiência de vitaminas;
  • Anemia ferropriva ou por perda crônica de sangue;
  • Sangramentos intestinais intermitentes, por telangiectasias frágeis;
  • Obstruções intestinais parciais ou completas, exigindo intervenção cirúrgica em casos avançados;
  • Formação de fístulas ou perfuração, especialmente quando há necrose transmural ou comprometimento vascular.

Esses sintomas são mais debilitantes e podem comprometer significativamente a qualidade de vida do paciente, sendo frequente a necessidade de abordagem multidisciplinar.

Diagnóstico

O diagnóstico é predominantemente clínico, com base no histórico de radioterapia e na presença de sintomas gastrointestinais. No entanto, exames complementares são indispensáveis para avaliar a extensão e a gravidade da lesão.

Principais exames:

  • Endoscopia e colonoscopia: identificam inflamação, ulcerações, telangiectasias e estenoses;
  • Cápsula endoscópica: útil em lesões no intestino delgado;
  • Enterotomografia e enterorressonância: avaliam espessamento da parede intestinal e presença de fibrose;
  • Biópsia (quando indicada): confirma alterações típicas como necrose, fibrose submucosa e angiogênese desorganizada.

Opções de tratamento

O manejo da enterite por radiação varia conforme a fase e a gravidade dos sintomas. O objetivo é controlar a inflamação, reduzir os sintomas e evitar complicações.

Tratamento da fase aguda:

  • Hidratação oral ou venosa;
  • Reposição eletrolítica;
  • Uso de antidiarreicos;
  • Dieta leve e fracionada;
  • Ajustes na dose ou suspensão temporária da radioterapia.

Tratamento da fase crônica:

  • Probióticos e antibióticos para controle de supercrescimento bacteriano;
  • Sequestrantes de ácidos biliares;
  • Agentes anti-inflamatórios e imunomoduladores;
  • Coagulação com plasma de argônio em casos de sangramento;
  • Cirurgia nos casos graves de fístulas, estenoses refratárias ou perfuração.

Prevenção

A prevenção está diretamente ligada ao avanço das técnicas de radioterapia. Estratégias como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e a imagem guiada (IGRT) permitem delimitar melhor o campo de radiação, poupando áreas sadias.

Outras medidas preventivas incluem:

  • Fracionamento de doses;
  • Uso de dispositivos de deslocamento intestinal;
  • Planejamento radioterápico individualizado;
  • Monitoramento clínico próximo durante e após o tratamento.

Nos acompanhe

A enterite por radiação é uma condição frequente após radioterapia abdominal/pélvica, com quadros variados desde sintomas leves e transitórios até problemas crônicos graves. O diagnóstico envolve avaliação clínica e endoscópica, e o manejo é centrado no suporte, controle de inflamação e complicações, com opções que vão da dieta à cirurgia.

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