A qualidade da formação médica no Brasil tem sido objeto de intenso debate, especialmente diante do crescimento exponencial de cursos de Medicina e das preocupações com a capacitação dos profissionais. Nesse contexto, o governo federal anunciou o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), enquanto o Conselho Federal de Medicina (CFM) e alguns parlamentares defendem a implementação de um exame de proficiência obrigatório, similar ao da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Este artigo analisa as características do Enamed, a proposta do “OAB para médicos” e as possíveis implicações dessas iniciativas para a formação médica no país.
O Enamed: Avaliação da Formação Médica
O Enamed foi criado com o objetivo de avaliar a qualidade dos cursos de Medicina e o desempenho dos formandos. A prova será anual, obrigatória para os concluintes, e terá 100 questões de múltipla escolha abrangendo todas as áreas da matriz curricular dos cursos de Medicina. Além de avaliar o aprendizado dos estudantes, o Enamed também servirá como critério de seleção para programas de residência médica. Importante destacar que o exame não impedirá que profissionais com notas baixas atuem na medicina, funcionando mais como uma ferramenta de diagnóstico da qualidade do ensino.
A Proposta de “OAB para Médicos”
Paralelamente ao Enamed, o CFM e alguns senadores propõem a criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina, que funcionaria como um filtro para o exercício da profissão. Inspirado no modelo da OAB para advogados, esse exame impediria que médicos reprovados atuassem profissionalmente. A proposta visa assegurar que apenas profissionais devidamente capacitados ingressem no mercado, elevando o padrão da prática médica no país.
Posicionamentos defendidos
A favor:
- Melhoria da Qualidade Profissional: A exigência de aprovação em um exame de proficiência garantiria que apenas médicos com conhecimentos adequados exercessem a profissão, protegendo a saúde da população.
- Responsabilização das Instituições de Ensino: As faculdades seriam incentivadas a melhorar a qualidade de seus cursos para garantir a aprovação de seus alunos, promovendo uma elevação geral no padrão do ensino médico.
Contra:
- Desigualdade de Oportunidades: Estudantes de instituições com menor infraestrutura poderiam ser prejudicados, ampliando as desigualdades no acesso à profissão.
- Pressão Adicional sobre os Estudantes: A obrigatoriedade de um exame eliminatório ao final do curso poderia aumentar o estresse e a ansiedade entre os formandos.
Implicações para a Formação Médica
A implementação do Enamed e a discussão sobre o exame de proficiência refletem uma preocupação crescente com a qualidade da formação médica no Brasil. Enquanto o Enamed busca diagnosticar e melhorar o ensino, a proposta do “OAB para médicos” visa estabelecer um controle mais rigoroso sobre quem pode exercer a medicina. Ambas as iniciativas têm o potencial de impactar significativamente o cenário da educação médica, exigindo uma análise cuidadosa de suas consequências.
A Educação Médica em Debate
A busca por melhorias na formação médica é essencial para garantir a qualidade dos serviços de saúde no Brasil. O Enamed representa um passo importante na avaliação do ensino, enquanto a proposta de um exame de proficiência obrigatório levanta questões complexas sobre acesso, equidade e qualidade.
É fundamental que essas iniciativas sejam debatidas amplamente, com a participação de instituições como o CFM (Conselho Federal de Medicina), o Ministério da Educação (MEC) e entidades representativas da sociedade civil, como a Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), considerando os diversos impactos que podem ter sobre estudantes, instituições e a sociedade em geral.


