O Que Esperar do Padrão de Respostas da Prova Discursiva do Revalida INEP 2024/2

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Hoje ocorreu a prova da primeira etapa do Revalida INEP 2024/1, composta por 100 questões objetivas de múltipla escolha e 5 questões discursivas. O gabarito e o padrão de respostas serão publicados no dia 28/08. Muitos candidatos estão ansiosos para saber quais critérios serão exigidos no padrão de resposta, bem como no gabarito.

Pensando nisso, a ReCurso Oficial preparou uma matéria antecipando o que pode ser cobrado no padrão de resposta das questões discursivas.

Confira abaixo a nossa análise detalhada por cada grande área:

1. Clínica Médica

Caso Clínico: Paciente com 38 anos de idade, com queixa de dispneia súbita no pronto-socorro, em tratamento de pneumonia há 03 dias. Ao exame físico, apresentava taquicardia, taquidispneia, hipotensão, queda da saturação. Como antecedentes patológicos, a paciente tem lúpus eritematoso sistêmico e síndrome do anticorpo antifosfolípide. Realizou radiografia de tórax que revelou velamento dos seios costofrênicos bilaterais, sugerindo derrame pleural.

Questão:

a) Qual é o diagnóstico mais provável para a paciente? Justifique com base no caso clínico. (Valor: 4,0 pontos)

Padrão de Resposta:

a) Diagnóstico: Derrame pleural.

Justificativa:

  • Velamento dos seios costofrênicos bilaterais: Sinal radiológico clássico de derrame pleural.
  • Dispneia súbita e taquidispneia: Indicativos de comprometimento respiratório significativo, coerente com a presença de líquido no espaço pleural.
  • História de lúpus eritematoso sistêmico e síndrome do anticorpo antifosfolípide: Condições autoimunes predisponentes ao desenvolvimento de derrames pleurais, especialmente em contextos inflamatórios ou infecciosos, como a pneumonia.

b) Cite quatro causas possíveis de derrame pleural. (Valor: 4,0 pontos)

Padrão de Resposta:

b) Causas possíveis de derrame pleural:

  1. Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC): É uma causa comum de derrame pleural, especialmente em pacientes idosos ou com histórico de doenças cardiovasculares.
  2. Pneumonia (Derrame pleural parapneumônico): Associada à infecção pulmonar, levando à inflamação pleural com acúmulo de exsudato.
  3. Tuberculose Pleural: Especialmente em regiões endêmicas ou em pacientes com história de contato com tuberculose.
  4. Neoplasia Pulmonar ou Metastática: A história de tabagismo e perda de peso inexplicada pode sugerir neoplasia associada a derrame pleural.

c) Descreva o tratamento indicado para a paciente com base no diagnóstico de derrame pleural. (Valor: 4,0 pontos)

Padrão de Resposta:

c) Tratamento:

  1. Drenagem Torácica: Indicada para derrames pleurais volumosos que causam desconforto respiratório, permitindo alívio sintomático e coleta de líquido para análise.
  2. Tratamento Etiológico: Deve ser direcionado à causa subjacente do derrame pleural, como manejo da insuficiência cardíaca, tratamento da pneumonia ou da tuberculose.
  3. Oxigenoterapia: Suplementar oxigênio para melhorar a saturação e aliviar a dispneia.
  4. Monitoramento Clínico: Acompanhamento dos sinais vitais, incluindo saturação de oxigênio, pressão arterial e frequência respiratória, para identificar qualquer deterioração clínica.

Referência Bibliográfica:

  • Global Initiative for Asthma Main Report. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, 2023. Disponível em: www.ginasthma.org.

Este padrão de resposta foi elaborado com base no caso clínico e nas informações epidemiológicas e clínicas relacionadas ao derrame pleural. Ele se destina a orientar a correção de questões discursivas do Revalida INEP 2024/2, proporcionando um parâmetro claro para avaliar o conhecimento e a capacidade de aplicação clínica dos candidatos.

2. Cirurgia Geral

1. Enunciado da Questão

A condução do atendimento a um paciente politraumatizado deve seguir a sequência do protocolo ABCDE (Airway, Breathing, Circulation, Disability, Exposure), fundamental para a avaliação e estabilização inicial.


2. Padrão de Resposta

a) Descreva os passos do protocolo ABCDE na avaliação inicial de um paciente politraumatizado. (Valor: 4,0 pontos)

Resposta:
A abordagem inicial de um paciente politraumatizado segue o protocolo ABCDE, conforme descrito abaixo:

  1. A – Airway (Vias Aéreas) com Proteção da Coluna Cervical:
    • Avaliação da permeabilidade das vias aéreas.
    • Considerar a necessidade de intubação precoce em casos de sinais de comprometimento das vias aéreas ou edema progressivo.
  2. B – Breathing (Respiração):
    • Avaliação da ventilação e da oxigenação.
    • Monitoramento da saturação de oxigênio.
    • Administração de oxigênio suplementar, se necessário.
  3. C – Circulation (Circulação) com Controle de Hemorragias:
    • Avaliação dos sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca).
    • Inserção de acesso venoso de grande calibre para administração de fluidos.
    • Utilização da Fórmula de Parkland para cálculo da reposição volêmica: 4 ml de Ringer Lactato x % de superfície corporal queimada (SCQ) x peso (kg). Metade do volume deve ser administrado nas primeiras 8 horas e a outra metade nas 16 horas seguintes.
  4. D – Disability (Estado Neurológico):
    • Avaliação do estado neurológico utilizando a escala de coma de Glasgow.
  5. E – Exposure (Exposição e Controle Ambiental):
    • Remoção de roupas e acessórios.
    • Avaliação da extensão e profundidade das feridas.

b) Explique a importância da reavaliação contínua dos pacientes politraumatizados. (Valor: 3,0 pontos)

Resposta:
A reavaliação contínua dos pacientes politraumatizados é essencial para assegurar que novos achados não sejam negligenciados e para detectar precocemente possíveis alterações nos achados registrados anteriormente. Esse processo permite identificar rapidamente pacientes com instabilidade hemodinâmica, essencial para classificar o grau de perda sanguínea e decidir sobre a necessidade de transfusão de sangue, uso de cristalóides, realização de procedimento cirúrgico imediato, ou a necessidade de transferência do paciente para outra instituição com maior capacidade de atendimento.

c) Cite e explique o mnemônico utilizado na avaliação secundária de pacientes politraumatizados. (Valor: 2,0 pontos)

Resposta:
O mnemônico utilizado na avaliação secundária de pacientes politraumatizados é o “AMPLA”:

  • A: Alergias
  • M: Medicamentos em uso
  • P: Passado médico e gravidez
  • L: Líquidos e sólidos ingeridos
  • A: Ambiente do trauma

Esse mnemônico ajuda a assegurar uma anamnese completa e sistemática, facilitando a coleta de informações cruciais para a identificação de fatores que possam impactar o tratamento e prognóstico do paciente.


Referência Bibliográfica:

American College of Surgeons Committee on Trauma. ATLS: Advanced Trauma Life Support for Doctors Student Course Manual. 10th ed. Chicago: American College of Surgeons, 2018.

Categoria SinalDescrição
CardiovascularHipotensãoPressão arterial sistólica < 90 mmHg ou queda > 40 mmHg em relação ao normal.
TaquicardiaFrequência cardíaca elevada (> 100 bpm).
Pulso fraco e filiformePulso rápido, de baixa amplitude e difícil de palpar.
RespiratórioTaquipneiaAumento da frequência respiratória (> 20 rpm).
HiperventilaçãoRespiração rápida e profunda.
NeurológicoAlteração do nível de consciênciaConfusão mental, agitação ou letargia.
AnsiedadeSensação de medo ou desconforto, geralmente precoce no choque.
Sonolência/comaDiminuição do estado de alerta até perda de consciência.
PelePalidezCor de pele pálida devido à vasoconstrição periférica.
SudoreseSuor excessivo, principalmente na testa e nas mãos.
CianoseColoração azulada das extremidades ou mucosas.
RenalOligúriaProdução de urina diminuída (< 0,5 mL/kg/h).
GastrointestinalNáusea e vômitoSintomas relacionados à diminuição do fluxo sanguíneo para o trato GI.
MetabólicoAcidose metabólicapH sanguíneo baixo devido ao acúmulo de ácido láctico.

3. Pediatria

As meninges são membranas que ficam ao redor do cérebro e da medula espinhal, cuja função principal é proteger o cérebro e o sistema nervoso. Quando um paciente é diagnosticado com meningite, significa que essa membrana está passando por um processo inflamatório que precisa ser tratado para evitar sérias complicações médicas.

A meningite bacteriana é geralmente mais grave e os sintomas incluem febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. Muitas vezes há outros sintomas, como: mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), status mental alterado (confusão). Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de meningite bacteriana podem aparecer, como: convulsões, delírio, tremores e coma.

Entre as meningites bacterianas, a Doença Meningocócica (DM) continua sendo o principal objetivo da vigilância das meningites, por ser a mais comum no Brasil, em função da morbimortalidade e da transcendência da doença, causada pela bactéria Neisseria meningitidis.

a) Apresente o modo de transmissão da Doença Meningocócica (DM). (valor: 2,0 pontos)

b) Indique o período de incubação da Doença Meningocócica (DM) e os fatores que influenciam a probabilidade de desenvolvimento da doença invasiva. (valor: 2,5 pontos)

c) Descreva os métodos diagnósticos laboratoriais para a Doença Meningocócica (DM). (valor: 3,0 pontos)

d) Cite o tratamento indicado para a meningite bacteriana, com ênfase na antibioticoterapia e nas medidas de suporte. (valor: 2,5 pontos)

Padrão de Resposta

a) Modo de transmissão:

Contato direto pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias de pessoas infectadas, assintomáticas ou doentes. A transmissão por fômites não é significativa. (valor: 2,0 pontos)

b) Período de incubação e fatores que influenciam o desenvolvimento da doença:

  • Período de incubação: Em média, de três a quatro dias, podendo variar de dois a dez dias. (valor: 1,0 ponto)
  • Fatores: Após a colonização da nasofaringe, a probabilidade de desenvolver doença meningocócica invasiva dependerá da virulência da cepa, das condições imunitárias do hospedeiro e da capacidade de eliminação do agente na corrente sanguínea. (valor: 1,5 ponto)

c) Métodos diagnósticos laboratoriais:

  • Cultura: Pode ser realizada com diversos tipos de fluidos corporais, principalmente líquido cefalorraquidiano (LCR), sangue e raspado de lesões petequeais.
  • Bacterioscopia direta: Microscopia para visualização direta da bactéria.
  • Aglutinação pelo látex: Teste rápido para detecção de antígenos bacterianos.
  • Reação em cadeia da polimerase (PCR): Técnica para detecção do material genético da bactéria. (valor: 3,0 pontos)

d) Tratamento indicado para meningite bacteriana:

A antibioticoterapia deve ser instituída o mais precocemente possível, de preferência, logo após a punção lombar e a coleta de sangue para hemocultura. O uso de antibiótico deve ser associado a outros tipos de tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência. (valor: 2,5 pontos)

Referência Bibliográfica:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Meningite. In: Guia de Vigilância em Saúde: volume único. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. p. 497-511. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude.pdf. Acesso em: 26 ago. 2024.

4. Ginecologia e Obstetrícia

Definição de Trabalho de Parto (TP):

Trabalho de parto (TP) é caracterizado pela presença de contrações uterinas dolorosas e rítmicas (no mínimo duas em dez minutos), acompanhadas de dilatação do colo uterino (3 cm nas prímiparas e 2 cm nas multíparas), apagamento (principalmente nas prímiparas), formação de bolsa das águas e perda de tampão mucoso.

Exame Físico Inicial:

Na avaliação inicial, é essencial confirmar a idade gestacional e conhecer a história obstétrica, além de verificar a presença de intercorrências na gestação, tipagem sanguínea e cirurgias prévias. No exame físico, deve-se avaliar o estado geral, pressão arterial, dinâmica uterina (DU), batimentos cardíacos fetais (BCF) e realizar o toque vaginal.

Partograma:

Uma vez confirmado o diagnóstico de trabalho de parto, deve-se abrir o partograma, que é uma representação gráfica da evolução do trabalho de parto. O partograma permite documentar, acompanhar a evolução, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção de qualquer desvio da normalidade. O partograma deve ser devidamente preenchido com todos os dados pertinentes, incluindo data, hora, dados completos da paciente, pressão arterial (PA), medicamentos e fluidos administrados, batimentos cardíacos fetais (BCF), dinâmica uterina (DU), integridade da bolsa, características do líquido amniótico, dilatação do colo, altura da apresentação, e a rubrica do examinador.

Para a elaboração do partograma, é necessário entender que cada divisória na abscissa (eixo X) corresponde a 1 hora, e na ordenada (eixo Y) corresponde a 1 cm de dilatação e à descida da apresentação. O registro deve ser iniciado na fase ativa do TP (com 2 a 3 contrações generalizadas em 10 minutos e dilatação cervical mínima de 3 a 4 cm). A abertura do partograma é marcada pela dilatação cervical; a linha de alerta deve ser traçada para a hora imediatamente seguinte e a linha de ação para 4 horas após. No TP normal, a curva de dilatação se posiciona à esquerda da linha de ação; quando ultrapassa essa linha, caracteriza-se um parto disfuncional.

Distocias:

Distocia é definida como qualquer perturbação no bom andamento do parto, envolvendo alterações em um dos três fatores fundamentais que participam do processo:

  • Força motriz ou contratilidade uterina: caracteriza a distocia funcional.
  • Objeto: caracteriza a distocia fetal.
  • Trajeto (bacia e partes moles): caracteriza a distocia do trajeto.

Condutas:

O tratamento e a conduta variam conforme o tipo de distocia diagnosticada:

  • Distocia Funcional (hipoatividade uterina): Os elementos da contração estão abaixo do normal, resultando em um parto lento. Nestes casos, a conduta indicada é aumentar a força motriz por meio de medidas ocitócicas, como a amniotomia e/ou infusão de ocitocina, separadas entre si por no mínimo 40 a 60 minutos. Pode ser subdividida em:
    • Hipoatividade primária: diagnosticada desde o início do trabalho de parto.
    • Hipoatividade secundária: inicialmente normal, mas que posteriormente se torna lenta ou estagnada.
  • Distocia do Trajeto: Decorrente da presença de anormalidades ósseas ou de partes moles, que geram estreitamento do canal de parto e dificultam ou impedem a evolução normal do trabalho de parto e a passagem do feto.
    • Distocias Ósseas: Anormalidades no formato, tamanho ou angulações da pelve, tornando difícil ou impossibilitando o parto vaginal.
    • Distocias de Partes Moles: Alterações no canal de parto que impedem a progressão do trabalho de parto, exceto as distocias ósseas. Exemplos incluem:
      • Vulva e períneo: Varizes, estenose ou edema de vulva, condiloma acuminado de grande extensão. Essas condições normalmente não impedem o parto, mas podem aumentar o risco de sangramento vaginal e/ou infecções pós-parto.
      • Vagina: Septos vaginais (transversos ou longitudinais).
      • Colo uterino: Hipertrofia, estenose cervical pós-cirúrgica (conização, cerclagem) ou cicatricial, e edema de colo.
      • Tumores prévios: Miomas ou neoplasias de colo uterino que interferem na apresentação fetal.
  • Distocia do Objeto: Anormalidades no trabalho de parto atribuídas ao feto e às relações materno-fetais.
    • Tamanho Fetal: Quando o feto pesa mais de 4000 g ou quando a bacia materna não possui diâmetros que permitam sua passagem, ocorre a desproporção cefalopélvica.
    • Distocia de Biacromial: Também conhecida como distocia de ombros, essa condição pode causar graves consequências para a parturiente (como lacerações, atonia uterina, ruptura uterina ou disjunção da sínfise púbica) e para o feto (lesões de plexo braquial, fratura de clavícula ou úmero, podendo evoluir para óbito intraparto ou neonatal). Diante de uma distocia biacromial, devem-se adotar as seguintes medidas iniciais, em ordem, como descritas no protocolo.

Alerta Anormalidades de Situação e Apresentação:

A conduta a ser adotada dependerá da apresentação, por exemplo, na apresentação transversa, opta-se pelo parto cesáreo.

Condutas em Caso de Distocia:

As condutas específicas a serem adotadas variam de acordo com o tipo de distocia identificada:

  1. Distocia Funcional (Hipoatividade Uterina):
    • Hipoatividade Primária: Diagnosticada desde o início do trabalho de parto, ocorre quando as contrações estão abaixo do esperado, resultando em um parto lento. A conduta necessária envolve aumentar a força motriz, geralmente por meio da administração de ocitocina ou realização de amniotomia, que devem ser separadas entre si por um intervalo mínimo de 40 a 60 minutos.
    • Hipoatividade Secundária: Inicia-se com contrações normais, mas, em algum momento, elas tornam-se menos frequentes ou perdem a eficácia. O tratamento é similar ao da hipoatividade primária, com o objetivo de restabelecer a força das contrações uterinas.
  2. Distocia do Trajeto:
    • Distocias Ósseas: Envolvem anomalias na pelve que dificultam ou impossibilitam o parto vaginal. A resolução pode exigir a realização de uma cesárea.
    • Distocias de Partes Moles: Como varizes, estenoses ou edemas, que podem complicar o trabalho de parto. Em casos mais graves, onde há um impedimento significativo, a cesárea também pode ser necessária.
  3. Distocia do Objeto (Fetal):
    • Tamanho Fetal: Quando o feto é grande (peso estimado superior a 4000 g), ou há uma desproporção cefalopélvica, o que significa que a cabeça do bebê é grande demais para passar pela pelve da mãe, pode ser necessária uma cesárea para evitar complicações.
    • Distocia de Biacromial: Conhecida como distocia de ombros, ocorre quando, após o parto da cabeça, os ombros do bebê ficam presos. Isso é uma emergência obstétrica que requer manobras específicas, como a de McRoberts (flexão das pernas da mãe contra o abdômen), aplicação de pressão suprapúbica, e, em casos mais graves, a realização de cesárea ou procedimentos invasivos para salvar a vida do bebê.
  4. Anormalidades na Situação e Apresentação:
    • Situações como apresentação transversa (bebê deitado de lado no útero) geralmente exigem um parto cesáreo, pois o parto vaginal é inviável ou extremamente arriscado.

Referências Bibliográficas:

  1. Ministério da Saúde. Diretrizes de Assistência ao Parto.
  2. Rezende Filho, J. et al. Obstetrícia. 13ª edição. Guanabara Koogan, 2022.
  3. FIGO (International Federation of Gynecology and Obstetrics) guidelines on management of labor.

Questão 1

a) Defina o trabalho de parto (TP):

  • Valor: 2,0 pontos
  • Resposta correta: Trabalho de parto (TP) é definido pela presença de contrações uterinas dolorosas, rítmicas (no mínimo duas em dez minutos); dilatação do colo uterino (3 cm nas prímiparas e 2 cm nas multíparas), apagamento (principalmente primíparas), formação de bolsa das águas e perda de tampão mucoso.

b) Descreva os elementos que devem ser avaliados no exame físico inicial em uma paciente em trabalho de parto:

  • Valor: 2,0 pontos
  • Resposta correta: Na avaliação inicial, é importante confirmar idade gestacional, conhecer a história obstétrica, presença de intercorrências na gestação, tipagem sanguínea, cirurgias prévias. No exame físico, devem ser avaliados estado geral, pressão arterial, dinâmica uterina (DU), batimentos cardíacos fetais (BCF) e toque vaginal.

c) Explique o que deve ser considerado na elaboração do partograma e sua importância:

  • Valor: 3,0 pontos
  • Resposta correta:
    • Importância do partograma (1,0 ponto): Confirmado o diagnóstico de trabalho de parto, o partograma deve ser aberto. Ele consiste na representação gráfica do trabalho de parto, permitindo documentar, acompanhar a evolução, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para sua correção.
    • Elaboração do partograma (2,0 pontos): Cada divisória na abscissa (eixo X) corresponde a 1 hora, e na ordenada (eixo Y) corresponde a 1 cm de dilatação e à descida da apresentação. O registro deve iniciar na fase ativa do TP (2 a 3 contrações generalizadas em 10 minutos e dilatação cervical mínima de 3 – 4 cm). A linha de alerta deve estar na hora imediatamente seguinte e a linha de ação 4 horas após. No TP normal, a curva de dilatação fica à esquerda da linha de ação; quando a ultrapassa, trata-se de parto disfuncional.

d) Classifique as distocias e as condutas a serem tomadas para cada uma:

  • Valor: 3,0 pontos
  • Resposta correta:
    • Distocia funcional (hipoatividade uterina) (1,0 ponto): A conduta necessária é aumentar a força motriz com medidas ocitócicas, como a amniotomia e/ou infusão de ocitocina, separadas entre si por no mínimo 40 a 60 minutos. Hipoatividade primária e secundária devem ser diagnosticadas e manejadas conforme descrito.
    • Distocia do trajeto (1,0 ponto): Resulta da presença de anormalidades ósseas ou de partes moles, o que gera um estreitamento do canal de parto. Exemplos incluem distocias ósseas e de partes moles.
    • Distocia do objeto (1,0 ponto): Tamanho fetal e distocia de biacromial, com medidas iniciais conforme protocolo ALERTA ANORMALIDADES DE SITUAÇÃO E APRESENTAÇÃO.

e) Cite duas medidas iniciais a serem adotadas em caso de distocia biacromial:

  • Valor: 2,0 pontos
  • Resposta correta: Adotar as medidas iniciais, em ordem, conforme o protocolo ALERTA ANORMALIDADES DE SITUAÇÃO E APRESENTAÇÃO, dependendo da apresentação; por exemplo, na apresentação transversa, opta-se por parto cesáreo.

5. Medicina da Família e Comunidade

Questão: Atendimento em unidade básica de saúde a adolescente de 16 anos de idade, com suspeita de gestação. A questão envolve a abordagem sobre a solicitação de exame de Beta-HCG sem a presença de um responsável e sobre manter ou não o sigilo médico em caso de um resultado positivo. Ademais deve-se fazer uma abordagem multidisciplinar do caso e orientar a participar das reuniões sobre educação sexual ou sobre pré-natal, a depender do resultado do exame.

Padrão de Resposta:

a) Solicitação de exame de Beta-HCG sem a presença de um responsável e sigilo médico:

  • Solicitação de exame sem a presença de responsável: Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), adolescentes têm o direito de receber atendimento integral à saúde, incluindo a solicitação de exames diagnósticos como o Beta-HCG, sem a necessidade da presença de um responsável, desde que estejam lúcidos e conscientes sobre o procedimento. Esse direito é respaldado pelo princípio da autonomia progressiva, onde adolescentes, dependendo da maturidade e compreensão do ato médico, podem consentir sozinhos para exames e tratamentos.
  • Manutenção do sigilo médico: O sigilo médico deve ser mantido, inclusive em casos de resultado positivo para gestação, exceto se a divulgação for necessária para proteger a saúde da adolescente ou em situações previstas pela lei, como casos de violência sexual ou quando a gravidez ocorrer antes dos 14 anos, o que configura estupro de vulnerável. Nesses casos, o sigilo pode ser quebrado para comunicar as autoridades competentes, como o conselho tutelar.

b) Abordagem multidisciplinar:

  • Envolvimento de equipe multidisciplinar: É crucial envolver uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. A equipe deve avaliar o contexto socioeconômico e familiar da adolescente, identificando fatores de vulnerabilidade e oferecendo suporte emocional e informativo.
  • Orientação sobre participação em programas educativos: Caso o resultado do Beta-HCG seja positivo, é fundamental orientar a adolescente a participar do pré-natal e de reuniões sobre saúde reprodutiva e direitos sexuais. Se o resultado for negativo, a adolescente deve ser incentivada a participar de programas de educação sexual, que abordem temas como métodos contraceptivos e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

c) Orientação sobre a participação em reuniões e apoio contínuo:

  • Educação sexual e saúde reprodutiva: Independentemente do resultado do exame, a adolescente deve ser incentivada a participar de programas educativos que abordem a sexualidade de forma integral, incluindo aspectos físicos, emocionais e sociais.
  • Estabelecimento de rede de apoio: A adolescente deve ser acompanhada continuamente, especialmente em casos de vulnerabilidade social, garantindo que ela tenha acesso a serviços de saúde mental, suporte social, e orientação adequada para tomar decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar.

Referências:

  1. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
  2. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

Padrão de Resposta:

a) Solicitação de exame de Beta-HCG sem a presença de um responsável e sigilo médico:
(Valor: 4,0 pontos)

  • Solicitação de exame sem a presença de responsável:
    (Valor: 2,0 pontos)
    • Justificativa sobre a autonomia progressiva e o direito à saúde de adolescentes conforme o ECA e SUS.
  • Manutenção do sigilo médico:
    (Valor: 2,0 pontos)
    • Explicação sobre o sigilo médico e as exceções, como casos de violência sexual ou gravidez antes dos 14 anos.

b) Abordagem multidisciplinar:
(Valor: 3,0 pontos)

  • Envolvimento de equipe multidisciplinar:
    (Valor: 1,5 pontos)
    • Importância de incluir médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos na avaliação e suporte à adolescente.
  • Orientação sobre participação em programas educativos:
    (Valor: 1,5 pontos)
    • Orientação para participação no pré-natal e em reuniões de educação sexual, conforme o resultado do Beta-HCG.

c) Orientação sobre a participação em reuniões e apoio contínuo:
(Valor: 3,0 pontos)

  • Educação sexual e saúde reprodutiva:
    (Valor: 1,5 pontos)
    • Participação em programas de educação sexual abordando aspectos integrais da sexualidade.
  • Estabelecimento de rede de apoio:
    (Valor: 1,5 pontos)
    • Importância de acompanhamento contínuo, especialmente em casos de vulnerabilidade social.

Referências:

  1. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
  2. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

Distribuição de Pontos:

  • a) Solicitação de exame de Beta-HCG e sigilo médico: 4,0 pontos
    • Solicitação de exame sem responsável: 2,0 pontos
    • Manutenção do sigilo médico: 2,0 pontos
  • b) Abordagem multidisciplinar: 3,0 pontos
    • Envolvimento de equipe multidisciplinar: 1,5 pontos
    • Orientação sobre programas educativos: 1,5 pontos
  • c) Orientação sobre participação em reuniões e apoio contínuo: 3,0 pontos
    • Educação sexual e saúde reprodutiva: 1,5 pontos
    • Estabelecimento de rede de apoio: 1,5 pontos

OBS: Lembrando que este conteúdo é um organismo vivo, criado com base nas impressões dos nossos alunos. Caso recebamos mais informações, iremos acrescentá-las a esta matéria.

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