Hoje é o dia da revisão de Cirurgia Geral, uma área fundamental que abrange duas estações no Revalida INEP: a estação 02 e a estação 07. Nessas estações, vocês se depararão com situações práticas que exigem um sólido conhecimento nessa especialidade. Lembrando que a prova será aplicada neste próximo final de semana.
Vamos abordar três temas recorrentes nas provas do Revalida, todos cobrados nas últimas três edições do exame e com grande probabilidade de aparecerem novamente nesta edição.
Os temas escolhidos foram os seguintes:
- Queimaduras
- Esôfago de Barrett
- Pneumotórax
Queimaduras – Cirurgia Geral
Queimaduras são lesões nos tecidos corporais causadas por calor, radiação, produtos químicos ou eletricidade. Estas lesões podem variar em gravidade, desde danos superficiais à pele até destruição profunda de tecidos subjacentes. O manejo adequado das queimaduras é crucial para a recuperação do paciente e para minimizar complicações a longo prazo.
Classificação das Queimaduras
Quanto à Profundidade
- Queimaduras de Primeiro Grau:
- Características: Envolvem apenas a epiderme.
- Sintomas: Eritema, dor, e edema leve. Sem formação de bolhas.
- Exemplo: Queimaduras solares leves.
- Queimaduras de Segundo Grau:
- Superficiais:
- Características: Envolvem epiderme e parte da derme.
- Sintomas: Eritema, bolhas, dor intensa e sensibilidade.
- Profundas:
- Características: Danificam camadas mais profundas da derme.
- Sintomas: Menor dor devido à destruição das terminações nervosas, coloração branca ou amarelada.
- Superficiais:
- Queimaduras de Terceiro Grau:
- Características: Atingem toda a espessura da pele, incluindo tecidos subcutâneos.
- Sintomas: Pele rígida, esbranquiçada ou carbonizada. Ausência de dor devido à destruição das terminações nervosas.
- Queimaduras de Quarto Grau:
- Características: Danos se estendem aos músculos, tendões e ossos.
- Sintomas: Necrose extensa, esfacelo e perda funcional significativa.
Avaliação da Extensão da Queimadura
Regra dos Nove de Wallace

A “Regra dos Nove” é utilizada para estimar a extensão da área queimada. A superfície corporal total (SCT) é dividida em áreas representando aproximadamente 9% da SCT:
- Cabeça e Pescoço: 9%
- Cada Braço: 9%
- Cada Perna: 18%
- Tronco Anterior: 18%
- Tronco Posterior: 18%
- Períneo: 1%
Lund-Browder Chart
Para uma estimativa mais precisa, especialmente em crianças, utiliza-se o gráfico de Lund-Browder, que ajusta as porcentagens baseadas na idade do paciente.
Tratamento Inicial das Queimaduras
Abordagem ABCDE
- A (Airway) – Vias Aéreas: Assegurar via aérea permeável. Em casos de queimaduras faciais ou inalatórias, considerar intubação precoce.
- B (Breathing) – Respiração: Avaliar a necessidade de suporte ventilatório.
- C (Circulation) – Circulação: Estabelecer acesso venoso amplo e iniciar reposição volêmica. Utiliza-se a fórmula de Parkland:
- Volume de reposição nas primeiras 24 horas = 4 ml × peso (kg) × % SCT.
- 50% nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes.
- D (Disability) – Disfunção Neurológica: Avaliar nível de consciência.
- E (Exposure) – Exposição e Controle Ambiental: Remover roupas e joias, cobrir o paciente com lençóis limpos para evitar hipotermia.
Manejo das Queimaduras
Cuidados Locais
- Limpeza e Debridamento: Remover tecidos desvitalizados e bolhas rompidas. Usar solução salina estéril para limpeza.
- Cobertura das Lesões: Aplicação de curativos oclusivos, como gaze impregnada com pomada antibiótica (ex.: sulfadiazina de prata).
- Analgesia e Sedação: Controle rigoroso da dor com opioides e analgésicos não opioides.
Tratamento Cirúrgico
- Escarotomia: Realizada em queimaduras circunferenciais para prevenir síndrome compartimental.
- Enxertos de Pele: Indicados em queimaduras de terceiro grau e em áreas onde a cicatrização espontânea é improvável.
Complicações das Queimaduras
- Infecção: A principal causa de morbidade e mortalidade. Monitoramento rigoroso e uso profilático de antibióticos em situações específicas.
- Desidratação e Choque Hipovolêmico: Importância da reposição volêmica adequada.
- Síndrome Compartimental: Observação de sinais como dor desproporcional, palidez, parestesia e ausência de pulso.
Reabilitação
- Fisioterapia: Essencial para prevenir contraturas e melhorar a função.
- Suporte Nutricional: Dieta hipercalórica e hiperproteica para promover a cicatrização.
- Suporte Psicológico: Abordar aspectos emocionais e sociais do paciente.
Portanto, o manejo das queimaduras exige uma abordagem multidisciplinar que abrange desde os cuidados iniciais de suporte vital até intervenções cirúrgicas e reabilitação. A compreensão profunda dos diferentes tipos de queimaduras e suas implicações clínicas é fundamental para qualquer profissional de saúde que atende pacientes queimados.
Esôfago de Barrett – Cirurgia Geral
Definição
O Esôfago de Barrett (EB) é uma condição em que o epitélio escamoso estratificado normal do esôfago distal é substituído por epitélio columnar metaplásico contendo células caliciformes, uma adaptação celular associada ao refluxo gastroesofágico (RGE) crônico. Essa condição é considerada uma lesão pré-maligna, pois está associada ao adenocarcinoma esofágico.
Epidemiologia
O EB é mais comum em homens caucasianos com idade superior a 50 anos. A prevalência é maior em pacientes com sintomas de RGE, especialmente aqueles com esofagite erosiva ou hérnia de hiato.
Patogênese
A metaplasia intestinal que caracteriza o EB resulta de uma resposta adaptativa ao dano mucosal crônico causado pelo RGE. A exposição prolongada ao ácido gástrico e à bile resulta em inflamação e lesão celular, promovendo a substituição do epitélio escamoso por epitélio columnar. O processo inflamatório contínuo pode levar à displasia e, eventualmente, ao adenocarcinoma esofágico.
Diagnóstico
O diagnóstico de EB é realizado por endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsias esofágicas. Critérios endoscópicos incluem a presença de epitélio columnar no esôfago distal, visualizado como uma mudança na coloração da mucosa. A confirmação histopatológica é essencial e requer a identificação de células caliciformes nas biópsias.
Classificação
A classificação do EB é baseada na presença e grau de displasia:
- Sem displasia: Alteração metaplásica sem características displásicas.
- Displasia de baixo grau: Atipia celular e arquitetural mínima.
- Displasia de alto grau: Atipia celular e arquitetural significativa, com maior risco de progressão para adenocarcinoma.
Manejo
O manejo do EB envolve a vigilância endoscópica regular e o controle do RGE:
- Vigilância endoscópica:
- Pacientes sem displasia: EDA a cada 3-5 anos.
- Displasia de baixo grau: EDA anual ou bienal.
- Displasia de alto grau: EDA a cada 3 meses ou terapia intervencionista.
- Controle do RGE:
- Inibidores da bomba de prótons (IBPs): São o tratamento de escolha para reduzir a secreção ácida e minimizar o dano mucosal.
- Medidas não farmacológicas: Elevação da cabeceira da cama, evitar refeições volumosas e noturnas, e perda de peso.
- Tratamentos intervencionistas:
- Ablativos: Terapia de radiofrequência (TRF), crioterapia e terapia fotodinâmica.
- Ressecção endoscópica: Indicada para áreas focais de displasia de alto grau ou adenocarcinoma superficial.
- Cirurgia: Esofagectomia pode ser considerada em casos de adenocarcinoma invasivo ou EB refratário a outras terapias.
Prognóstico
A presença de displasia de alto grau é um fator de risco significativo para a progressão para adenocarcinoma esofágico, com uma taxa anual de progressão estimada em torno de 5-10%. A detecção precoce e o manejo adequado são cruciais para melhorar o prognóstico.
Portanto, o Esôfago de Barrett é uma condição importante no contexto do RGE crônico, devido ao seu potencial maligno. O diagnóstico precoce e a vigilância contínua, juntamente com o controle eficaz do RGE, são essenciais para prevenir a progressão para adenocarcinoma esofágico. Enquanto isso, a abordagem multidisciplinar, incluindo gastroenterologistas, cirurgiões e patologistas, é fundamental para o manejo adequado dos pacientes com EB.
Pneumotórax – Cirurgia Geral
O pneumotórax é uma condição caracterizada pela presença de ar na cavidade pleural, o espaço entre as camadas visceral e parietal da pleura. Este acúmulo de ar pode levar ao colapso parcial ou completo do pulmão, comprometendo a ventilação e a oxigenação.
Classificação
- Pneumotórax Espontâneo Primário (PEP):
- Ocorre sem uma causa subjacente aparente, geralmente em indivíduos jovens e saudáveis, mais comumente em homens altos e magros.
- Fatores de risco incluem tabagismo e histórico familiar.
- Pneumotórax Espontâneo Secundário (PES):
- Associado a doenças pulmonares subjacentes, como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fibrose cística, tuberculose, e outras condições que alteram a estrutura pulmonar.
- Pneumotórax Traumático:
- Resulta de lesões torácicas penetrantes ou contusas, como fraturas de costelas, acidentes automobilísticos, ou procedimentos invasivos (por exemplo, biópsia pulmonar, cateterismo central).
- Pneumotórax Iatrogênico:
- Decorre de intervenções médicas, como ventilação mecânica com pressão positiva, toracocentese, ou biópsia pulmonar.
- Pneumotórax Hipertensivo:
- Uma emergência médica onde a pressão no espaço pleural excede a pressão atmosférica, levando a um desvio do mediastino e comprometimento hemodinâmico grave.
Fisiopatologia
O pneumotórax ocorre quando o ar entra na cavidade pleural, rompendo o equilíbrio entre as pressões intrapleurais e atmosféricas. No pneumotórax hipertensivo, a entrada de ar é contínua e a saída é impedida, aumentando progressivamente a pressão intrapleural, o que leva ao colapso pulmonar e deslocamento do mediastino, comprometendo o retorno venoso ao coração.
Manifestações Clínicas
- Sintomas:
- Dor torácica súbita e intensa, geralmente de caráter pleurítico.
- Dispneia de intensidade variável, dependendo do grau de colapso pulmonar.
- Tosse seca.
- Sinais:
- Taquipneia.
- Taquicardia.
- Redução ou ausência de murmúrio vesicular no lado afetado.
- Hipertimpanismo à percussão.
- Desvio traqueal (em casos graves, especialmente no pneumotórax hipertensivo).
- Hipotensão (em casos de pneumotórax hipertensivo).
Diagnóstico

O diagnóstico é principalmente clínico, apoiado por exames de imagem:
- Radiografia de Tórax:
- Confirma a presença de ar na cavidade pleural.
- Pode mostrar colapso pulmonar e desvio do mediastino.
- Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax:
- Indicada em casos complexos ou quando a radiografia não é conclusiva.
- Detalha melhor a anatomia e extensão do pneumotórax.
- Ultrassonografia de Tórax:
- Utilizada à beira do leito, especialmente em unidades de terapia intensiva.
- Pode identificar a ausência de deslizamento pleural e a presença de artefatos de linhas A.
Tratamento
O manejo do pneumotórax varia conforme a gravidade e a etiologia:
- Pneumotórax Pequeno e Assintomático:
- Observação com oxigenoterapia (para promover a reabsorção do ar pleural).
- Seguimento com radiografias seriadas.
- Pneumotórax Sintomático ou Maior:
- Aspiração com agulha.
- Inserção de dreno torácico conectado a um sistema de drenagem com selo d’água.
- Pneumotórax Hipertensivo:
- Descompressão imediata com agulha de grande calibre no segundo espaço intercostal, linha hemiclavicular, seguida de inserção de dreno torácico.
- Cirurgia:
- Indicada em casos recorrentes ou persistentes.
- Procedimentos incluem pleurodese química ou mecânica, ressecção de bolhas enfisematosas, ou procedimentos videotoracoscópicos.
Prevenção e Prognóstico
- Pacientes com pneumotórax espontâneo devem ser aconselhados a evitar atividades que possam aumentar o risco de recidiva, como voos de avião e mergulho, até a completa resolução.
- O prognóstico varia conforme a causa e a adequação do tratamento. Pneumotórax espontâneo primário tem boa resposta ao tratamento, enquanto pneumotórax secundário pode ser mais complexo devido às condições pulmonares subjacentes.
Esta revisão visa proporcionar uma base sólida para o entendimento e manejo do pneumotórax, crucial para a prática clínica e a aprovação no Revalida INEP.
Treine seus Conhecimentos
Caso Prático 1: Queimadura de Segundo Grau
Enunciado:
Paciente de 35 anos, sexo masculino, chega ao pronto-socorro com queimaduras em ambos os antebraços após um acidente doméstico envolvendo óleo quente. Ele relata dor intensa e formação de bolhas nas áreas afetadas. Durante a anamnese, ele informa que o acidente ocorreu há aproximadamente duas horas.
Objetivo:
Avaliar a extensão e profundidade das queimaduras, aplicar os procedimentos de primeiros socorros adequados, e planejar o tratamento e acompanhamento necessário.
Detalhamento do Caso:
- História Clínica e Anamnese:
- Tempo decorrido desde o acidente: 2 horas.
- Local do acidente: cozinha de sua residência.
- Tipo de agente causador: óleo quente.
- Sintomas relatados: dor intensa, presença de bolhas.
- Histórico médico: sem comorbidades conhecidas, não fuma, sem uso de medicações contínuas.
- Alergias: nenhuma conhecida.
- Exame Físico:
- Sinais vitais: FC: 90 bpm, PA: 120/80 mmHg, FR: 18 ipm, T: 37°C.
- Inspeção das áreas queimadas:
- Presença de bolhas (flictenas) em ambos os antebraços.
- Eritema e edema moderado.
- Áreas afetadas: cerca de 9% da superfície corporal total (regra dos nove de Wallace).
- Ausência de carbonização ou exposição de estruturas subjacentes.
- Diagnóstico:
- Queimaduras de segundo grau superficial nos antebraços.
- Conduta Inicial:
- Resfriamento das áreas queimadas com água corrente por 15-20 minutos.
- Analgesia: dipirona 1g IV.
- Limpeza das bolhas rompidas e aplicação de curativos com gaze estéril embebida em solução salina.
- Cobertura com sulfadiazina de prata a 1% nas áreas afetadas.
- Manutenção da hidratação oral e avaliação da necessidade de reposição intravenosa.
- Plano de Tratamento e Acompanhamento:
- Avaliação diária das lesões, com troca de curativos a cada 24 horas.
- Instrução ao paciente para elevação dos membros queimados e evitar exposição ao sol.
- Orientação sobre sinais de infecção (aumento da dor, vermelhidão, secreção purulenta).
- Agendamento de consulta de retorno em uma semana para avaliação da cicatrização.
- Consideração de encaminhamento ao especialista em queimaduras se houver complicações ou não houver melhora significativa.
Caso Prático 2: Queimadura Elétrica
Enunciado:
Paciente de 45 anos, sexo feminino, é trazida ao pronto-socorro após sofrer uma queimadura elétrica enquanto realizava reparos em uma tomada elétrica. Ela apresenta uma ferida circular no braço direito, associada a dor intensa e dormência na extremidade distal do braço. Há histórico de perda de consciência breve no momento do acidente.
Objetivo:
Realizar a avaliação inicial, estabilizar a paciente, e delinear o manejo e acompanhamento das lesões causadas pela queimadura elétrica.
Detalhamento do Caso:
- História Clínica e Anamnese:
- Tempo decorrido desde o acidente: 1 hora.
- Local do acidente: residência.
- Tipo de agente causador: corrente elétrica doméstica (220V).
- Sintomas relatados: dor intensa no local da queimadura, dormência no braço direito.
- Perda de consciência breve no momento do acidente.
- Histórico médico: hipertensão controlada com losartana.
- Alergias: penicilina.
- Exame Físico:
- Sinais vitais: FC: 100 bpm, PA: 140/90 mmHg, FR: 20 ipm, T: 36.8°C.
- Inspeção das áreas queimadas:
- Lesão de entrada no braço direito com bordas necróticas.
- Ausência de lesão de saída visível.
- Neurológico:
- Redução da sensibilidade tátil e térmica no antebraço direito.
- Reflexos normais.
- Cardiovascular:
- ECG: ritmo sinusal, sem alterações agudas.
- Ausência de outras lesões visíveis.
- Diagnóstico:
- Queimadura elétrica de terceiro grau no braço direito.
- Potencial lesão neurológica periférica.
- Conduta Inicial:
- Estabilização: administração de oxigênio suplementar.
- Monitorização cardíaca contínua por risco de arritmias.
- Analgesia: morfina 4mg IV.
- Profilaxia tetânica: administração de toxoide tetânico.
- Limpeza da lesão com soro fisiológico e aplicação de curativo estéril.
- Manutenção da hidratação com solução salina intravenosa.
- Plano de Tratamento e Acompanhamento:
- Avaliação diária da lesão e troca de curativos.
- Avaliação neurológica seriada para monitorar alterações sensoriais e motoras.
- Encaminhamento urgente ao centro de queimaduras para debridamento cirúrgico e avaliação de necessidade de enxerto cutâneo.
- Avaliação do membro por Doppler para verificar perfusão adequada.
- Consulta com especialista em neurologia para avaliação de possíveis sequelas neurológicas.
- Educação ao paciente sobre sinais de complicações (inchaço progressivo, aumento da dor, febre).
Caso Prático 1: Esôfago de Barrett com Displasia de Baixo Grau
Enunciado:
Paciente de 52 anos, sexo masculino, é encaminhado ao gastroenterologista após uma endoscopia digestiva alta (EDA) que revelou metaplasia intestinal no esôfago distal. Ele apresenta história de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) há mais de 10 anos, controlada com inibidores da bomba de prótons (IBPs). Durante a consulta, relata pirose frequente e regurgitação ácida, apesar do tratamento.
Objetivo:
Confirmar o diagnóstico de Esôfago de Barrett, avaliar a presença de displasia e estabelecer um plano de manejo adequado.
Detalhamento do Caso:
- História Clínica e Anamnese:
- Sintomas: pirose frequente, regurgitação ácida, ocasional disfagia.
- Histórico de DRGE: mais de 10 anos.
- Tratamento atual: omeprazol 20 mg 2x/dia.
- Fatores de risco: tabagismo, consumo moderado de álcool.
- Histórico médico: hipertensão controlada com losartana.
- Exames Complementares:
- Endoscopia Digestiva Alta (EDA):
- Visualização de epitélio colunar no esôfago distal com transição nítida de epitélio escamoso para colunar.
- Biópsias realizadas confirmaram metaplasia intestinal.
- Histopatologia:
- Presença de células caliciformes características da metaplasia intestinal.
- Displasia de baixo grau identificada.
- Endoscopia Digestiva Alta (EDA):
- Diagnóstico:
- Esôfago de Barrett com displasia de baixo grau.
- Conduta Inicial:
- Aumentar a dose do IBP: esomeprazol 40 mg 2x/dia.
- Implementar medidas não farmacológicas: elevação da cabeceira da cama, evitar refeições grandes antes de deitar, reduzir o consumo de alimentos que agravam o refluxo (café, chocolate, alimentos gordurosos).
- Plano de Tratamento e Acompanhamento:
- Vigilância endoscópica:
- Repetir EDA com biópsias a cada 6 meses para monitorar a evolução da displasia.
- Avaliação de fatores de risco e modificações no estilo de vida:
- Cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool.
- Considerar terapia endoscópica se houver progressão da displasia para alto grau:
- Ablation por radiofrequência ou ressecção endoscópica das áreas displásicas.
- Educação do paciente sobre sinais de alarme:
- Disfagia progressiva, perda de peso involuntária, hematêmese.
- Vigilância endoscópica:
Caso Prático 2: Esôfago de Barrett com Displasia de Alto Grau
Enunciado:
Paciente de 60 anos, sexo feminino, consulta o gastroenterologista após EDA de rotina que revelou Esôfago de Barrett com displasia de alto grau. A paciente tem história de DRGE crônica, diagnosticada há 15 anos, e relata sintomas de pirose noturna, regurgitação ácida e perda de peso não intencional nos últimos 3 meses.
Objetivo:
Confirmar a extensão da displasia de alto grau e determinar o plano de tratamento adequado para prevenir a progressão para adenocarcinoma esofágico.
Detalhamento do Caso:
- História Clínica e Anamnese:
- Sintomas: pirose noturna, regurgitação ácida, perda de peso não intencional (5 kg em 3 meses).
- Histórico de DRGE: 15 anos, com uso contínuo de IBPs (omeprazol 20 mg 1x/dia).
- Histórico médico: diabetes tipo 2, dislipidemia.
- Fatores de risco: ex-fumante (cessou há 10 anos), consumo ocasional de álcool.
- Exames Complementares:
- Endoscopia Digestiva Alta (EDA):
- Identificação de epitélio colunar no esôfago distal, com áreas nodulares e friáveis.
- Biópsias múltiplas realizadas.
- Histopatologia:
- Presença de metaplasia intestinal com displasia de alto grau.
- Manometria esofágica:
- Confirmada hipomotilidade esofágica.
- pHmetria de 24 horas:
- Refluxo ácido frequente, especialmente noturno.
- Endoscopia Digestiva Alta (EDA):
- Diagnóstico:
- Esôfago de Barrett com displasia de alto grau.
- Conduta Inicial:
- Intensificar o tratamento farmacológico:
- Esomeprazol 40 mg 2x/dia.
- Discussão multidisciplinar envolvendo gastroenterologista, cirurgião e oncologista.
- Intensificar o tratamento farmacológico:
- Plano de Tratamento e Acompanhamento:
- Intervenção terapêutica imediata:
- Ablação por radiofrequência das áreas displásicas.
- Ressecção endoscópica das áreas nodulares suspeitas.
- Monitorização endoscópica rigorosa:
- EDA a cada 3 meses até resolução da displasia.
- Considerar cirurgia anti-refluxo (fundoplicatura de Nissen) em casos de refluxo persistente e difícil controle.
- Implementação de medidas de suporte:
- Dieta fracionada, evitar alimentos que agravam o refluxo, elevação da cabeceira da cama.
- Acompanhamento contínuo com equipe multidisciplinar para monitorar a resposta ao tratamento e prevenir a progressão para adenocarcinoma.
- Intervenção terapêutica imediata:
Caso Prático 1: Pneumotórax Espontâneo Primário
Enunciado:
Paciente de 24 anos, sexo masculino, previamente saudável, é trazido ao pronto-socorro após início súbito de dor torácica pleurítica e dispneia enquanto jogava basquete. Não há histórico de trauma. Durante a anamnese, ele relata ser fumante ocasional e não ter antecedentes patológicos relevantes.
Objetivo:
Diagnosticar a presença de pneumotórax, avaliar a extensão do colapso pulmonar e implementar o manejo apropriado.
Detalhamento do Caso:
- História Clínica e Anamnese:
- Início súbito de dor torácica pleurítica no hemitórax direito e dispneia.
- Sem histórico de trauma.
- Fumante ocasional (5 maços/ano).
- Sem comorbidades conhecidas.
- Exame Físico:
- Sinais vitais: FC: 110 bpm, PA: 130/80 mmHg, FR: 24 ipm, SpO2: 94% em ar ambiente.
- Inspeção: paciente ansioso, desconforto respiratório visível.
- Palpação: diminuição do frêmito tátil no hemitórax direito.
- Percussão: hipersonoridade no hemitórax direito.
- Ausculta: diminuição dos murmúrios vesiculares no hemitórax direito.
- Exames Complementares:
- Radiografia de tórax:
- Imagem de pneumotórax à direita com colapso de aproximadamente 30% do pulmão direito.
- Tomografia Computadorizada (TC) de tórax (se necessária):
- Confirmação da presença de bolhas subpleurais e colapso pulmonar sem lesões associadas.
- Radiografia de tórax:
- Diagnóstico:
- Pneumotórax espontâneo primário à direita.
- Conduta Inicial:
- Oxigenoterapia: administração de O2 a 3-4 L/min via cateter nasal.
- Observação clínica em ambiente hospitalar.
- Repetir a radiografia de tórax em 6 horas para avaliar a progressão ou resolução espontânea.
- Plano de Tratamento e Acompanhamento:
- Se o pneumotórax não aumentar e o paciente permanecer estável:
- Observação e alta com orientação para evitar atividades físicas intensas e instrução sobre sinais de alerta.
- Se houver progressão do pneumotórax ou o paciente se tornar sintomático:
- Inserção de dreno torácico com selo d’água e hospitalização.
- Radiografia de controle após a inserção do dreno.
- Consulta de retorno em 1-2 semanas para avaliação clínica e radiológica.
- Discussão sobre cessação do tabagismo e prevenção de recidivas.
- Se o pneumotórax não aumentar e o paciente permanecer estável:
Caso Prático 2: Pneumotórax Secundário a DPOC
Enunciado:
Paciente de 68 anos, sexo feminino, com diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) em estágio avançado, é trazida ao pronto-socorro devido a dispneia súbita e dor torácica intensa no hemitórax esquerdo. Durante a anamnese, relata exacerbações frequentes de DPOC e uso contínuo de broncodilatadores e corticosteroides inalados.
Objetivo:
Diagnosticar a presença de pneumotórax, avaliar sua gravidade e delinear um plano de manejo adequado, considerando a condição subjacente de DPOC.
Detalhamento do Caso:
- História Clínica e Anamnese:
- Início súbito de dispneia severa e dor torácica pleurítica no hemitórax esquerdo.
- Histórico de DPOC em estágio GOLD 3 (severo).
- Exacerbações frequentes de DPOC, hospitalizações prévias.
- Uso contínuo de broncodilatadores (tiotrópio) e corticosteroides inalados (budesonida).
- Fumante ativa (40 maços/ano).
- Exame Físico:
- Sinais vitais: FC: 120 bpm, PA: 140/90 mmHg, FR: 28 ipm, SpO2: 88% em ar ambiente.
- Inspeção: paciente em uso de músculos acessórios da respiração, cianose periférica.
- Palpação: diminuição do frêmito tátil no hemitórax esquerdo.
- Percussão: hipersonoridade no hemitórax esquerdo.
- Ausculta: diminuição ou ausência de murmúrios vesiculares no hemitórax esquerdo.
- Sinais de hiperinsuflação pulmonar bilateral.
- Exames Complementares:
- Radiografia de tórax:
- Presença de pneumotórax extenso à esquerda com colapso significativo do pulmão esquerdo.
- Tomografia Computadorizada (TC) de tórax (se necessária):
- Confirmação do pneumotórax, presença de bolhas enfisematosas e avaliação da extensão do enfisema.
- Radiografia de tórax:
- Diagnóstico:
- Pneumotórax secundário a DPOC à esquerda.
- Conduta Inicial:
- Oxigenoterapia: administração de O2 a 4-6 L/min via máscara facial.
- Inserção imediata de dreno torácico com selo d’água devido à gravidade e extensão do pneumotórax.
- Monitorização contínua dos sinais vitais e saturação de oxigênio.
- Analgesia conforme necessário.
- Plano de Tratamento e Acompanhamento:
- Internação em unidade de terapia intensiva (UTI) para monitorização e manejo.
- Radiografia de controle após inserção do dreno torácico.
- Ajuste da terapia farmacológica para DPOC:
- Revisão da medicação atual, possível ajuste de broncodilatadores e corticosteroides.
- Avaliação por pneumologista e discussão sobre opções de manejo a longo prazo:
- Consideração de cirurgia de redução de volume pulmonar ou tratamento endoscópico para pacientes com enfisema severo e recorrente pneumotórax.
- Programação de follow-up rigoroso com consultas regulares para monitorar a função pulmonar e prevenir futuras exacerbações e recidivas de pneumotórax.
Confira a programação de revisão dos próximos dias:
- 09/12 – Já foi publicado, clique aqui;
- 11/12 – Pediatria;
- 12/12 – Ginecologia e Obstetrícia;
- 13/12 – Medicina da Família e Comunidade.
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