Hoje é o dia da revisão de Medicina da Família e Comunidade, uma área fundamental que abrange duas estações no Revalida INEP: a estação 05 e a estação 10. Nessas estações, vocês se depararão com situações práticas que exigem um sólido conhecimento nessa especialidade. Lembrando que a prova será aplicada neste próximo final de semana.
Além disso, vamos abordar três temas recorrentes nas provas do Revalida, todos cobrados nas últimas três edições do exame e com grande probabilidade de aparecerem novamente nesta edição.
Além disso, estamos preparando um anúncio IMPERDÍVEL para você, candidato do Revalida Inep 2024/2. Logo após a prova prática do próximo domingo, fique sabendo de TUDO através do blog e redes sociais da Recurso Oficial. NÃO PERCA!
Outrossim, os temas escolhidos foram os seguintes:
- Febre Amarela
- Esquistossomose
- Ansiedade
Febre Amarela – Medicina da Família e Comunidade
A febre amarela é uma doença viral hemorrágica aguda causada pelo vírus da febre amarela (família Flaviviridae, gênero Flavivirus). É uma doença de notificação compulsória no Brasil e é endêmica em regiões tropicais da África e América do Sul. A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados, principalmente Aedes aegypti em áreas urbanas e Haemagogus e Sabethes em áreas silvestres.
Epidemiologia
A febre amarela pode ser classificada em três tipos epidemiológicos:
- Febre Amarela Urbana: Transmitida pelo Aedes aegypti. Caracteriza-se pela ocorrência de surtos em áreas urbanas.
- Febre Amarela Silvestre: Transmitida por mosquitos Haemagogus e Sabethes em áreas florestais. Humanos adquirem a infecção ao entrarem nessas áreas.
- Febre Amarela Intermediária: Uma forma intermediária onde há transmissão em áreas de transição entre zonas urbanas e silvestres.
Patogênese
Após a picada do mosquito infectado, o vírus se multiplica nos linfonodos e se dissemina pelo sangue, causando viremia. O período de incubação varia de 3 a 6 dias. A doença pode evoluir em três fases:
- Fase Inicial (Infecciosa):
- Sintomas: Febre alta, cefaleia intensa, mialgia, náusea, vômitos, e prostração.
- Sinais: Hepatomegalia dolorosa, injeção conjuntival, rubor facial.
- Fase de Remissão:
- Pode ocorrer uma aparente melhora dos sintomas após 3 a 4 dias, dando uma falsa impressão de recuperação.
- Fase Tóxica:
- Ocorre em aproximadamente 15% dos casos.
- Sintomas: Icterícia, insuficiência hepática e renal, hemorragias (gengivorragia, epistaxe, hematêmese, melena), choque e falência de múltiplos órgãos.
- Sinais: Icterícia, oligúria, manifestações hemorrágicas, alteração do estado mental.
Diagnóstico
O diagnóstico da febre amarela é baseado em:
- Clínica e Epidemiologia: História de viagem para áreas endêmicas, exposição a mosquitos.
- Laboratorial:
- Exames específicos: RT-PCR (Reação em Cadeia da Polimerase via Transcriptase Reversa), isolamento viral em cultura de células, e sorologia (IgM e IgG específicos).
- Exames inespecíficos: Hemograma (leucopenia, plaquetopenia), provas de função hepática (transaminases elevadas, bilirrubinas elevadas), coagulograma (tempo de protrombina prolongado), função renal (creatinina elevada).
Tratamento
Não há tratamento antiviral específico para a febre amarela. A abordagem terapêutica é baseada em cuidados de suporte, que incluem:
- Hidratação Venosa: Manutenção do balanço hídrico.
- Controle de Hemorragias: Transfusão de componentes sanguíneos conforme necessário.
- Suporte Hepático e Renal: Monitorização rigorosa e intervenção precoce em casos de insuficiência hepática e renal.
- Medidas de Proteção: Isolamento em unidade de terapia intensiva para prevenir infecções secundárias e controle de vetores.
Prevenção
A principal medida preventiva é a vacinação, recomendada para todas as pessoas que residem ou viajam para áreas endêmicas. A vacina contra a febre amarela é altamente eficaz e geralmente é administrada em dose única, conferindo imunidade de longo prazo.
Vacinação:
- Contraindicada em imunocomprometidos, gestantes (a não ser que o risco de infecção seja alto), crianças menores de 6 meses, e pessoas com histórico de reação alérgica grave a componentes da vacina.
- Recomendação de reforço vacinal conforme orientação das autoridades de saúde, principalmente em situações de surtos.
Controle de Vetores:
- Eliminação de criadouros de mosquitos, especialmente em áreas urbanas.
- Uso de repelentes, roupas de manga longa, e mosquiteiros em áreas endêmicas.
Educação em Saúde:
- Informar a população sobre os sintomas, modos de transmissão e medidas de prevenção.
Considerações Finais
A febre amarela continua a ser uma preocupação de saúde pública em áreas endêmicas e de risco. A vigilância epidemiológica, vacinação em massa, controle de vetores, e medidas de suporte aos pacientes são essenciais para a prevenção e manejo eficaz da doença. Para os profissionais de saúde, é crucial manter-se atualizado sobre as recomendações e protocolos de manejo da febre amarela, contribuindo para a redução da mortalidade e morbidade associada a essa doença.
Esta revisão serve como um guia abrangente para a preparação de médicos para o Revalida INEP, reforçando a importância do conhecimento técnico e científico no manejo de doenças infecciosas de relevância pública.
Esquistossomose – Medicina da Família e Comunidade
A esquistossomose, também conhecida como bilharzíase, é uma doença parasitária causada por trematódeos do gênero Schistosoma. As espécies mais comuns que infectam humanos são Schistosoma mansoni, Schistosoma haematobium, e Schistosoma japonicum. Esta revisão abordará a etiologia, patogênese, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prevenção da esquistossomose, com foco nas implicações clínicas relevantes para a prática médica.
Etiologia e Ciclo de Vida
A esquistossomose é transmitida através do contato com água doce contaminada com cercárias, a forma larval do parasita. As cercárias penetram na pele humana, transformando-se em esquistossômulos que migram pelo sistema circulatório até alcançar os vasos sanguíneos mesentéricos ou vesicais, dependendo da espécie. Os vermes adultos vivem nos vasos sanguíneos onde acasalam e produzem ovos. Os ovos são excretados pelas fezes ou urina do hospedeiro, continuando o ciclo quando encontram um hospedeiro intermediário, como caramujos do gênero Biomphalaria (para S. mansoni).
Patogênese
A patogênese da esquistossomose está associada principalmente à resposta imunológica do hospedeiro aos ovos depositados nos tecidos. Os ovos liberam antígenos que causam uma reação inflamatória granulomatosa, levando à fibrose e formação de granulomas. As manifestações clínicas variam conforme a carga parasitária e a resposta imunológica do hospedeiro.
Quadro Clínico
A apresentação clínica da esquistossomose pode ser dividida em fases aguda e crônica.
Fase Aguda (Dermatite Cercariana e Síndrome de Katayama)
- Dermatite Cercariana: Ocorre logo após a penetração das cercárias, caracterizada por prurido e erupção cutânea no local de penetração.
- Síndrome de Katayama: Observada principalmente em indivíduos não expostos previamente, manifestando-se semanas após a infecção inicial. Os sintomas incluem febre, calafrios, mialgia, cefaleia, diarreia e linfadenopatia.
Fase Crônica
A esquistossomose crônica pode levar a complicações específicas de acordo com a espécie envolvida:
- Esquistossomose Mansônica (S. mansoni): Caracterizada por fibrose periportal, hipertensão portal, esplenomegalia e varizes esofágicas. A fibrose hepática, também conhecida como fibrose de Symmers, é uma característica patognomônica.
- Esquistossomose Hematóbia (S. haematobium): Principalmente afeta o trato urinário, causando hematúria, disúria, calcificação da bexiga, e pode levar a carcinoma de células escamosas da bexiga.
- Esquistossomose Japônica (S. japonicum): Pode causar uma ampla gama de manifestações clínicas, incluindo hipertensão portal, lesões hepáticas e complicações neurológicas devido à deposição de ovos no sistema nervoso central.
Diagnóstico
O diagnóstico de esquistossomose é baseado na identificação de ovos de Schistosoma nas fezes ou urina através de métodos parasitológicos como:
- Exame parasitológico de fezes: Método de Kato-Katz para S. mansoni.
- Exame de urina: Filtração ou sedimentação para S. haematobium.
- Sorologia: Detecção de anticorpos contra antígenos de Schistosoma.
- Imagem: Ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) podem ser úteis para avaliar complicações como fibrose hepática e hipertensão portal.
Tratamento
O tratamento da esquistossomose baseia-se no uso de agentes antiparasitários, sendo o praziquantel a droga de escolha, administrado em dose única de 40 mg/kg para S. mansoni e S. haematobium e 60 mg/kg para S. japonicum. O tratamento é eficaz na eliminação dos vermes adultos, reduzindo a carga parasitária e prevenindo complicações.
Prevenção e Controle
As medidas de prevenção e controle incluem:
- Controle de caramujos: Interrupção do ciclo de vida do Schistosoma através da redução da população de hospedeiros intermediários.
- Saneamento básico: Melhoria das condições sanitárias e acesso a água potável para evitar a contaminação de corpos d’água.
- Educação em saúde: Campanhas educativas para conscientizar a população sobre os riscos da exposição à água contaminada.
- Tratamento em massa: Programas de quimioterapia em massa para populações em áreas endêmicas.
A esquistossomose continua sendo um problema de saúde pública em muitas regiões do mundo, especialmente em áreas com saneamento inadequado. O manejo eficaz da doença requer uma abordagem multifacetada, incluindo diagnóstico precoce, tratamento adequado, e medidas preventivas robustas. A compreensão detalhada da biologia do parasita, patogênese e manejo clínico é essencial para os profissionais de saúde, especialmente aqueles que se preparam para o Revalida INEP.
Ansiedade – Medicina da Família e Comunidade
A ansiedade é uma condição psíquica caracterizada por uma sensação de apreensão, tensão ou mal-estar, frequentemente acompanhada por sintomas somáticos como sudorese, taquicardia e tremores. É uma resposta natural ao estresse, mas quando se torna excessiva e persistente, pode ser classificada como um transtorno de ansiedade, interferindo significativamente na qualidade de vida do paciente.
Epidemiologia
Os transtornos de ansiedade são comuns, afetando aproximadamente 18% da população adulta em algum momento da vida. É mais prevalente em mulheres e frequentemente comórbido com outros transtornos psiquiátricos, como depressão e abuso de substâncias.
Etiologia
A ansiedade pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Disfunções nos sistemas neurotransmissores, como a serotonina, norepinefrina e GABA, têm sido implicadas. Fatores estressores ambientais, traumas precoces e uma predisposição genética também desempenham um papel importante.
Classificação
Os principais tipos de transtornos de ansiedade incluem:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Caracteriza-se por preocupação excessiva e incontrolável sobre diversas atividades ou eventos, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses.
- Transtorno do Pânico (TP): Marcado por ataques de pânico recorrentes e inesperados, acompanhados por medo intenso e sintomas físicos como palpitações, sudorese e sensação de falta de ar.
- Fobias Específicas: Medo irracional e desproporcional de objetos ou situações específicas, que levam à evitação ativa.
- Transtorno de Ansiedade Social (TAS): Medo intenso de situações sociais ou de desempenho, onde o indivíduo teme ser julgado ou humilhado.
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): Presença de obsessões (pensamentos intrusivos e indesejados) e/ou compulsões (comportamentos repetitivos ou mentais realizados para reduzir a ansiedade).
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): Desenvolve-se após exposição a um evento traumático, com sintomas que incluem reexperiência do trauma, evitação de estímulos associados ao trauma, e hiperexcitabilidade.
Diagnóstico
O diagnóstico dos transtornos de ansiedade é clínico, baseado em critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). A avaliação deve incluir uma anamnese detalhada e a aplicação de escalas de avaliação, como a Hamilton Anxiety Rating Scale (HAM-A) e a Generalized Anxiety Disorder 7 (GAD-7).
Tratamento
O tratamento da ansiedade pode incluir abordagens farmacológicas e não farmacológicas:
- Farmacoterapia:
- Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS): São frequentemente a primeira linha de tratamento para diversos transtornos de ansiedade. Exemplos incluem fluoxetina, sertralina e escitalopram.
- Inibidores da Recaptação de Serotonina e Norepinefrina (IRSN): Como venlafaxina e duloxetina, também são eficazes.
- Benzodiazepínicos: Podem ser usados a curto prazo para alívio sintomático, mas possuem risco de dependência.
- Outros: Buspirona e pregabalina são alternativas em casos específicos.
- Psicoterapia:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): É a intervenção psicoterapêutica mais eficaz, focando na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais.
- Terapias de Exposição: Utilizadas especialmente para fobias específicas e transtorno de ansiedade social.
- Abordagens Complementares:
- Exercícios Físicos: Atividades aeróbicas regulares têm demonstrado benefícios na redução da ansiedade.
- Técnicas de Relaxamento: Meditação, ioga e mindfulness podem ser úteis como tratamentos adjuvantes.
Prognóstico
O prognóstico dos transtornos de ansiedade varia. Muitos pacientes respondem bem ao tratamento, embora alguns possam ter sintomas crônicos e recorrentes. A adesão ao tratamento e o manejo adequado de comorbidades são essenciais para um bom desfecho.
A ansiedade é um transtorno comum e tratável. A compreensão de sua etiologia, diagnóstico e opções de tratamento é crucial para médicos que prestam cuidados a pacientes com esta condição. Abordagens individualizadas que combinam farmacoterapia e psicoterapia são frequentemente necessárias para alcançar o controle ótimo dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Caso Prático 1: Diagnóstico e Manejo da Febre Amarela
Enunciado do Caso:
Você está atuando como médico em uma unidade básica de saúde em uma região endêmica para febre amarela. Um paciente masculino, de 35 anos, apresenta-se ao serviço com queixa de febre alta há 4 dias, associada a cefaleia intensa, mialgia, náusea e vômitos. Ele relata ter retornado recentemente de uma viagem a uma área de mata fechada na região norte do país.
História Clínica:
- Idade: 35 anos
- Sexo: Masculino
- História de viagem: Recentemente visitou uma área endêmica de febre amarela.
- Sintomas: Febre alta (39°C), cefaleia intensa, mialgia, náusea, vômitos.
- História médica: Sem comorbidades conhecidas, sem uso de medicações regulares.
- História de vacinação: Não recorda ter sido vacinado contra febre amarela.
Exame Físico:
- Sinais vitais: FC 100 bpm, FR 18 irpm, PA 120/80 mmHg, T 39°C.
- Exame geral: Estado geral comprometido, desidratado, icterícia leve.
- Exame abdominal: Hepatomegalia dolorosa à palpação.
- Exame de pele: Rubor facial, sem evidências de sangramentos.
Perguntas do Caso:
- Quais são os principais diagnósticos diferenciais a serem considerados neste caso?
- Quais exames laboratoriais e de imagem são indicados para confirmar o diagnóstico de febre amarela?
- Descreva o manejo inicial deste paciente, considerando a suspeita de febre amarela.
- Quais medidas de controle e prevenção devem ser adotadas para evitar a disseminação da doença?
Respostas Esperadas:
- Diagnósticos diferenciais:
- Dengue
- Leptospirose
- Malária
- Hepatites virais (A, B, C)
- Outras febres hemorrágicas virais
- Exames laboratoriais e de imagem:
- Hemograma completo (leucopenia, plaquetopenia)
- Função hepática (ALT, AST, bilirrubinas)
- Função renal (creatinina, ureia)
- Coagulograma (tempo de protrombina, INR)
- RT-PCR para febre amarela
- Sorologia para febre amarela (IgM e IgG)
- Isolamento viral em cultura de células (se disponível)
- Ultrassonografia abdominal (avaliar hepatomegalia e alterações hepáticas)
- Manejo inicial:
- Hidratação venosa para correção da desidratação
- Monitorização hemodinâmica e controle de febre
- Manejo das complicações hepáticas e renais
- Controle de sangramentos (transfusão de componentes sanguíneos se necessário)
- Isolamento em unidade de terapia intensiva se evolução para fase tóxica
- Medidas de controle e prevenção:
- Notificação compulsória do caso às autoridades de saúde
- Vacinação de contatos próximos e da população local se não vacinados
- Controle de vetores (eliminar criadouros de mosquitos, uso de repelentes)
- Educação em saúde para a população sobre prevenção e sintomas da febre amarela
Caso Prático 2: Complicações da Febre Amarela e Intervenção Terapêutica
Enunciado do Caso:
Uma paciente feminina de 28 anos foi admitida na unidade de terapia intensiva com histórico de febre alta, icterícia e hemorragias. Ela é residente de uma área urbana e relata que não foi vacinada contra febre amarela. Os sintomas iniciaram há 7 dias com febre e mal-estar geral, progredindo para icterícia e vômitos com sangue nas últimas 48 horas.
História Clínica:
- Idade: 28 anos
- Sexo: Feminino
- História de vacinação: Não vacinada contra febre amarela
- Sintomas: Febre alta, icterícia, hematêmese, melena, prostração
- História médica: Sem comorbidades conhecidas
Exame Físico:
- Sinais vitais: FC 110 bpm, FR 22 irpm, PA 90/60 mmHg, T 38.5°C.
- Exame geral: Estado geral grave, desidratada, icterícia marcada.
- Exame abdominal: Hepatomegalia dolorosa.
- Exame de pele: Petéquias, equimoses, sangramento gengival.
Perguntas do Caso:
- Qual é a fase da doença em que a paciente se encontra e quais são as principais complicações associadas?
- Quais intervenções terapêuticas são indicadas para o manejo das complicações apresentadas?
- Como deve ser realizada a monitorização contínua da paciente na UTI?
- Quais são as medidas de suporte que podem ser implementadas para prevenir a progressão da falência de múltiplos órgãos?
Respostas Esperadas:
- Fase da doença:
- A paciente se encontra na fase tóxica da febre amarela.
- Principais complicações: insuficiência hepática, insuficiência renal, hemorragias, choque.
- Intervenções terapêuticas:
- Hidratação venosa intensiva para manutenção do volume intravascular
- Transfusão de plasma fresco congelado, plaquetas, e crioprecipitado para controle de hemorragias
- Administração de agentes vasopressores se necessário para manutenção da pressão arterial
- Hemodiálise em casos de insuficiência renal
- Terapia com vitamina K para correção de coagulopatias
- Monitorização contínua na UTI:
- Monitorização hemodinâmica invasiva (PA invasiva, débito cardíaco)
- Avaliação contínua da função hepática e renal (ALT, AST, bilirrubinas, creatinina, ureia)
- Monitorização de parâmetros laboratoriais (hemograma, coagulograma)
- Monitorização do balanço hídrico rigoroso (entrada e saída de líquidos)
- Medidas de suporte:
- Manutenção de normotermia (uso de antipiréticos)
- Prevenção de infecções secundárias (uso de antibióticos profiláticos se indicado)
- Suporte nutricional (nutrição enteral ou parenteral conforme tolerância)
- Fisioterapia respiratória e motora para evitar complicações associadas à imobilidade
Esses casos práticos servem para avaliar a capacidade dos candidatos em diagnosticar, manejar e prevenir complicações da febre amarela, utilizando conhecimentos técnicos e científicos adequados para a prática clínica.
Caso Prático 1: Diagnóstico e Manejo de Esquistossomose Mansônica
Contextualização do Caso
Paciente masculino, 35 anos, trabalhador rural, residente em área endêmica de esquistossomose no nordeste do Brasil, apresenta queixa de dor abdominal e aumento do volume abdominal. Relata episódios de hematêmese e melena nos últimos três meses. Há história de contato frequente com água de riachos para atividades de pesca e irrigação. O paciente não apresenta comorbidades conhecidas e nega uso de medicamentos regulares.
Exame Clínico
- Inspeção: Icterícia leve, presença de circulação colateral abdominal.
- Palpação: Hepatomegalia e esplenomegalia dolorosas.
- Percussão: Ascite presente.
- Ausculta: Murmúrio vesicular presente e simétrico, sem adventícios pulmonares.
Exames Complementares
- Exame parasitológico de fezes: Método de Kato-Katz positivo para ovos de Schistosoma mansoni.
- Ultrassonografia abdominal: Fibrose hepática periportal (fibrose de Symmers), esplenomegalia e varizes esofágicas.
- Hemograma: Anemia normocítica normocrômica, leucocitose leve, plaquetopenia.
- Bioquímica sanguínea: Enzimas hepáticas elevadas (AST, ALT), bilirrubina total e direta aumentadas.
Questões para o Candidato
- Diagnóstico: Baseado nos achados clínicos e laboratoriais, qual o diagnóstico provável para este paciente?
- Patogênese: Explique o mecanismo patogênico que leva às complicações observadas no paciente.
- Conduta Terapêutica: Quais são as medidas terapêuticas imediatas e a longo prazo que devem ser instituídas para o manejo deste paciente?
- Prevenção: Quais medidas de prevenção e controle da esquistossomose você recomendaria para a comunidade do paciente?
Respostas Esperadas
- Diagnóstico: Esquistossomose mansônica crônica com hipertensão portal.
- Patogênese: A reação inflamatória granulomatosa aos ovos de Schistosoma mansoni leva à fibrose periportal (fibrose de Symmers), que resulta em hipertensão portal, esplenomegalia, varizes esofágicas e ascite.
- Conduta Terapêutica:
- Imediata: Controle da hemorragia digestiva (endoscopia digestiva alta com ligadura elástica das varizes), manejo da ascite (restrição de sódio, diuréticos).
- A longo prazo: Tratamento antiparasitário com praziquantel (40 mg/kg em dose única), acompanhamento regular com ultrassonografia, possível necessidade de intervenção cirúrgica para hipertensão portal (TIPS ou cirurgia de derivação).
- Prevenção: Melhoria do saneamento básico, controle de caramujos, educação em saúde, quimioterapia em massa nas populações de áreas endêmicas.
Caso Prático 2: Diagnóstico e Abordagem de Esquistossomose Hematóbia
Contextualização do Caso
Paciente feminina, 42 anos, agricultora, residente em uma região endêmica de esquistossomose no sul da África, procura atendimento médico devido a hematúria persistente e disúria nos últimos seis meses. Ela menciona exposição frequente a águas de lagoas e rios para atividades domésticas e de cultivo. Relata cansaço e perda de peso não intencional nos últimos meses. Sem histórico de comorbidades.
Exame Clínico
- Inspeção: Palidez cutânea e conjuntival.
- Palpação: Sensibilidade suprapúbica leve.
- Percussão: Sem anormalidades.
- Ausculta: Murmúrio vesicular presente e simétrico, sem ruídos adventícios.
Exames Complementares
- Exame de urina: Hematúria macroscópica, presença de ovos de Schistosoma haematobium.
- Cistoscopia: Lesões granulomatosas na parede vesical, com áreas de calcificação.
- Ultrassonografia do trato urinário: Espessamento da parede da bexiga e hidronefrose leve no rim esquerdo.
- Hemograma: Anemia microcítica hipocrômica.
- Bioquímica sanguínea: Função renal normal.
Questões para o Candidato
- Diagnóstico: Qual é o diagnóstico provável com base na apresentação clínica e nos achados laboratoriais?
- Complicações: Quais são as possíveis complicações associadas à forma crônica da doença no trato urinário?
- Tratamento: Qual é o tratamento de escolha para esta paciente e quais medidas adicionais devem ser tomadas?
- Prevenção e Controle: Quais estratégias de prevenção e controle da esquistossomose hematóbia são recomendadas para a região endêmica onde a paciente reside?
Respostas Esperadas
- Diagnóstico: Esquistossomose hematóbia crônica.
- Complicações: Calcificação da bexiga, estenose ureteral, hidronefrose, insuficiência renal crônica, carcinoma de células escamosas da bexiga.
- Tratamento:
- Tratamento antiparasitário com praziquantel (40 mg/kg em dose única).
- Monitoramento regular com cistoscopia e ultrassonografia.
- Tratamento da anemia com suplementação de ferro e dieta adequada.
- Avaliação e manejo de complicações urológicas (por exemplo, alívio da obstrução ureteral se necessário).
- Prevenção e Controle: Melhorar o acesso ao saneamento básico, controle de hospedeiros intermediários (caramujos), educação em saúde pública, e programas de quimioterapia em massa para populações em áreas endêmicas.
Caso Prático 1: Diagnóstico e Manejo de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Contexto Clínico
Paciente feminina, 35 anos, professora, comparece à consulta relatando sensação constante de apreensão e preocupação excessiva há cerca de oito meses. Refere dificuldade para controlar esses pensamentos, que se estendem a diversos aspectos de sua vida, como desempenho profissional, saúde pessoal e de familiares. Os sintomas são diários, causando significativo sofrimento e interferindo em suas atividades diárias. Paciente apresenta histórico de insônia, fadiga, irritabilidade e dificuldade de concentração.
História Clínica
- Histórico Pessoal: Sem doenças crônicas conhecidas. Relata episódios de ansiedade leve desde a adolescência, sem tratamento prévio. Nega uso de substâncias psicoativas.
- Histórico Familiar: Mãe com diagnóstico de depressão e pai com histórico de abuso de álcool.
- Exame Físico: Dentro dos limites da normalidade.
Tarefas do Candidato
- Anamnese e Avaliação: Conduzir uma anamnese detalhada focada em sintomas ansiosos, história pessoal e familiar, hábitos de vida e uso de substâncias. Utilizar a Generalized Anxiety Disorder 7 (GAD-7) para avaliação quantitativa dos sintomas.
- Diagnóstico Diferencial: Identificar e discutir possíveis diagnósticos diferenciais, incluindo outros transtornos de ansiedade, depressão e condições médicas que podem mimetizar sintomas ansiosos (ex.: hipertireoidismo).
- Plano de Manejo: Elaborar um plano de manejo abrangente, incluindo intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Justificar a escolha de um ISRS como primeira linha de tratamento e discutir alternativas. Incluir recomendações para psicoterapia (TCC) e estratégias de autogerenciamento (ex.: técnicas de relaxamento).
- Acompanhamento: Planejar o seguimento do caso, destacando a importância do monitoramento dos sintomas e adesão ao tratamento. Estabelecer critérios para ajuste terapêutico e referências a outros profissionais, se necessário.
Resolução Esperada
O candidato deve demonstrar capacidade de coletar informações relevantes através de uma anamnese estruturada, aplicar corretamente instrumentos de avaliação de ansiedade, formular um diagnóstico preciso e propor um plano de manejo baseado em evidências. A interação com o paciente deve ser empática, garantindo um ambiente seguro e de confiança.
Caso Prático 2: Ataque de Pânico Agudo em Ambiente de Emergência
Contexto Clínico
Paciente masculino, 28 anos, bancário, é trazido ao pronto-socorro por familiares devido a um episódio súbito de intensa ansiedade, acompanhado de palpitações, sudorese, tremores, sensação de falta de ar e medo de morrer. Os sintomas iniciaram-se subitamente enquanto estava no trabalho e persistem há cerca de 20 minutos. Paciente nunca teve episódios semelhantes, mas relata um período recente de estresse intenso no trabalho.
História Clínica
- Histórico Pessoal: Sem comorbidades conhecidas. Nega uso de medicamentos contínuos. Relata consumo ocasional de álcool e nega uso de outras substâncias.
- Histórico Familiar: Pai com histórico de doença cardíaca.
- Exame Físico: Paciente ansioso, agitado, com FC 110 bpm, PA 150/90 mmHg, FR 22 irpm, SpO2 98% em ar ambiente. Exame cardiovascular e pulmonar sem alterações significativas.
Tarefas do Candidato
- Anamnese e Avaliação Inicial: Conduzir uma anamnese focada em identificar possíveis gatilhos e fatores predisponentes. Realizar um exame físico detalhado e interpretar os sinais vitais. Diferenciar os sintomas de um ataque de pânico de outras condições médicas agudas (ex.: infarto do miocárdio, embolia pulmonar).
- Diagnóstico e Manejo Imediato: Formular o diagnóstico de ataque de pânico agudo. Descrever as medidas de manejo imediato, incluindo suporte emocional, técnicas de respiração e, se necessário, administração de benzodiazepínico de curta ação.
- Plano de Seguimento: Discutir a importância de um seguimento adequado, incluindo encaminhamento para avaliação psiquiátrica ou psicológica. Orientar sobre a identificação de gatilhos e manejo de sintomas futuros. Explicar a importância de uma abordagem multifacetada, incluindo terapias farmacológicas e psicoterapêuticas.
- Educação ao Paciente: Informar ao paciente sobre o transtorno do pânico, desmistificar o episódio e fornecer orientações sobre como buscar ajuda em situações futuras.
Resolução Esperada
O candidato deve demonstrar habilidade em reconhecer rapidamente um ataque de pânico, excluir condições médicas emergentes, e proporcionar um manejo adequado e seguro no ambiente de emergência. Além disso, deve ser capaz de planejar um seguimento apropriado e educar o paciente sobre sua condição, promovendo um entendimento claro e estratégias para prevenção de novos episódios.
Por fim, confira a programação de revisão dos próximos dias:
- 09/12 – Clínica Médica – Já foi publicado, clique aqui;
- 10/12 – Cirurgia Geral – Já foi publicado, clique aqui.
- 11/12 – Pediatria – Já foi publicado, clique aqui.
- 12/12 – Ginecologia e Obstetrícia, clique aqui.
Gostou do conteúdo? Acompanhe-nos no Instagram!

Outrossim, para mais dicas, atualizações e conteúdos exclusivos sobre o mundo do Revalida, siga nosso perfil no Instagram. Enquanto isso, não perca nenhuma novidade e esteja sempre preparado para as provas do Revalida. Por fim, estamos preparando um anúncio IMPERDÍVEL para você, candidato do Revalida Inep 2024/2. Logo após a prova prática do próximo domingo, fique sabendo de TUDO através do blog e redes sociais da ReCurso Oficial. NÃO PERCA! Essa surpresa pode representar a sua APROVAÇÃO.